quinta-feira, 31 de maio de 2012

Falando em reaproveitamento...

Continuando o assunto, neste post vou mostrar duas de minhas criações, em meu local de trabalho.
A primeira, fiz há mais de um ano, minha mesa de desenho, onde aproveitei uma das rodas de madeira que formava uma bobina de cabos de energia elétrica, que uma empresa de energia descartou após utilizar.
A estrutura em si fiz em MDF melamínico, com o tampo inclinável, e como eu precisava de uma parte fixa, que não inclinasse, incluí o tampo que criei com a roda de bobina, unindo o contemporâneo e o rústico.

5.1 Mesa de desenho do Giovani.

A segunda criação que mostrarei eu finalizei nesta semana, um baú com acento, para dar conforto aos nossos clientes e visitas.
Aproveitei uma caixa de madeira que a mesma empresa de energia descartou, ou seja, também iria para o lixo ou viraria lenha. Como eu não tinha intensão em gastar com material ou até mesmo comprando um sofá, resolvi utilizar a caixa, que além de ser do tamanho que eu precisava, pode servir de baú para guardar revistas e jornais. Parafusei uma peça em MDF para ter espaço para apoiar revistas, e no restante produzi uma tampa estofada para fechar o baú, e ao mesmo tempo servir de acento.

5.2 Como era a caixa quando comecei a tingir a madeira.

5.3 O baú pronto, com estofado em couro sintético.

5.4 A parte fixa serve de apoio para revistas.

5.5 Com a tampa aberta.

terça-feira, 15 de maio de 2012

A falsa e a verdadeira Arquitetura


Há alguns meses, ao entregarmos para um cliente um móvel feito com madeira de demolição (madeira reaproveitada, no caso, rústica, sem acabamento), me ocorreu uma situação interessante que me inspirou a escrever este texto: Meu colega, o marceneiro Didi disse: “Se alguém encontrasse um móvel desses na casa de um pobre, diria ‘Pobre coitado, nem tem condições de ter um móvel decente em casa...’, mas se encontrasse o mesmo móvel na casa de um rico, diria ‘Nossa! Que móvel chique!’ Porque na casa do rico, o lixo se torna luxo.”
Achei além de engraçada, interessante a colocação dele a respeito disso, pois demonstra que cada pessoa tem um ponto de vista diferente para cada situação, e como os “modismos e tendências” influenciam no que pode ser considerado usual ou não.
Essa questão da utilização da madeira de demolição partiu da necessidade de reaproveitamento, pois nos dias atuais já se tomou consciência por boa parte da população que precisamos fazer o máximo para preservar as matas nativas, o que não acontecia até algumas décadas atrás, pois eram retiradas das matas muitas arvores como Mogno, Cerejeira, Imbuia, Louro, Angico, entre muitas outras para utilizar a madeira.
Hoje em dia isso mudou muito, pois madeiras como essas são difíceis de encontrar, justamente porque são de arvores que demoram muitos anos para crescer, e como antigamente não se tinha o costume de replantar, essas arvores estão escassas e as poucas que restam são protegidas por leis que proíbem o seu corte e utilização.

4.1 Exemplo de madeira que poderá ser reutilizada.

4.2 Aspecto de madeira que sofreu a ação do tempo.

Tudo isso incentivou o reflorestamento, que pode ser feito exclusivamente para o corte, mas conforme é cortada uma quantidade de arvores, no mínimo a mesma quantidade deve ser replantada e assim por diante. Para isso são utilizadas arvores que crescem com mais rapidez, os exemplos que mais vemos no Brasil são o Pinus e o Eucalipto, utilizados para fabricação de celulose, chapas de MDF (fibra de média densidade, utilizado principalmente para fabricação de móveis) ou mesmo a própria madeira maciça, na construção civil, para lenha, entre inúmeras outras formas de utilização. Outros exemplos de arvores que também estão sendo utilizadas para reflorestamento são a Teca e o Pau de Balsa.

4.3 Exemplo de plantação de Eucalipto.

4.4 Construção feita em madeira, década 1940 (Xaxim-SC).

4.5 Tábuas retiradas de construção em madeira.

Então por exemplo, ao demolir (ou desmanchar) uma casa antiga (ou mesmo uma porteira velha), que tenha sido construída com madeira imbuia, seria pecado transformar em lenha (ou seja, queimar uma madeira tão resistente e que é tão difícil de encontrar nos dias de hoje), aí surge o reaproveitamento, utilizando-a para fabricação de móveis, portas, painéis, ou o que a imaginação e a necessidade permitirem. Na maioria das vezes é preservada a madeira rústica, sem acabamento ou com acabamento envelhecido, não escondendo que a madeira já é velha, já foi utilizada e sofreu a ação do tempo.
Tanto que isso se tornou “moda”, “tendência”, algo “chique” (como na célebre frase do Didi).
Aí entra a questão: Será que as pessoas que seguem essa “tendência” (não gosto desse termo, mas para melhor entendimento...) fazem isso pensando em contribuir com a preservação do meio ambiente ou pensam apenas em ser “chiques”, seguindo uma “moda passageira”?
Vejo inúmeros casos de pessoas que utilizam elementos (móveis, portas, etc.) em madeira de demolição e que se dizem a favor da preservação do meio ambiente, e ao mesmo tempo utilizam seus automóveis para ir ao mercadinho da esquina que fica a 50 metros de distância (consumindo combustível desnecessariamente e poluindo o ar), ou ainda utilizam condicionadores de ar (climatização forçada, grande consumidor de energia elétrica) 24 horas por dia em toda residência, ou também preenchem os espaços do terreno com piso, concreto, sem pensar em deixar algum espaço gramado, permeável com vegetações... Isso é o que eu chamo de “a falsa arquitetura”, pois apenas segue tendências visuais, decorativas, sem se preocupar com a funcionalidade, economia, preservação do meio ambiente, e acima de tudo com a saúde da família, dos seres humanos e dos animais de estimação. Muitas vezes a tendência “tende” a se tornar uma falsa arquitetura.

4.6 Exemplo de painel feito com madeira de demolição.


4.7 Exemplo de porta feita com madeira de demolição.

A verdadeira arquitetura busca estar em harmonia com a natureza, preservando-a, aproveitando a ventilação natural e utilizando adequadamente as posições solares, economizando energia elétrica e na melhor das situações aproveitando a agua das chuvas. Além, é claro, da utilização de materiais reaproveitados ou que não provoquem degradação ao meio ambiente. Enfim, a verdadeira arquitetura busca preservar ao máximo a natureza, transmitindo conforto, bem estar e menos custos para seus usuários.